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Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo e doutor em Produção Vegetal
jsoliveira1@hotmail.com
No Brasil, a alface americana vem adquirindo crescente destaque, e para atender a demanda das indústrias no preparo de refeições e sanduíches, seu cultivo está sendo realizado de modo contínuo, durante o ano todo, embora, por ser uma hortaliça de inverno, seu cultivo em determinadas épocas do ano seja dificultado pelo aumento na incidência de doenças e desequilíbrios nutricionais, principalmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as chuvas são frequentes durante o desenvolvimento da cultura.
Hoje, no Brasil, há uma demanda por diversos tipos de alface. No mercado há disponibilidade de um grande número de cultivares. As ditas nacionais são aquelas que foram desenvolvidas graças ao melhoramento genético para as nossas condições edafoclimáticas, e por isso permitem aos produtores que sejam exploradas em qualquer época do ano, gerando mais rentabilidade.
Além da escolha de uma cultivar adaptada, a opção por sementes de alta qualidade tem grande importância para assegurar não apenas a produtividade, como também a qualidade e padronização do produto colhido.
Os produtores de alface estão de olho no potencial do mercado para a atender a demanda da produção de alface americana. O cultivo de variedades de alface americana tem despertado o interesse de muitos produtores rurais pela possibilidade de obter boa rentabilidade, além do grande número de variedades disponíveis no mercado terem sido tropicalizadas para as condições nacionais, o que facilita o manejo da cultura.
Quanto ao plantio, a alface americana não difere dos demais tipos alface, porém, é importante o manejo adequado de controle de água e nutrientes ao longo do ciclo da cultura. O manejo fitossanitário também não deve ser desprezado, embora a maioria das variedades de alface americana sejam mais resistentes às pragas e doenças.
Esta alface também apresenta melhor conservação pós-colheita, resistência ao transporte e manuseio, o que garante a manutenção da qualidade do produto em toda cadeia de produção.
Aliado a tudo isso, a alface americana tem sido a “queridinha” dos fast food, para a finalização de sanduíches, por apresentar características peculiares quando comparadas a outros tipos de alface.
A alface americana possui, além da suavidade de sabor, frescor e crocância, que as torna lanches mais saborosos e atraentes. No processo de cocção, as altas temperaturas a que é submetida, a alface americana apresenta bom desempenho, por não se desintegrarem facilmente, mantendo a textura e sua qualidade organoléptica.
Ela é muito usada também pela sua crocância para a composição de pratos de diversas saladas de forma minimamente processada. Essas são características que fazem com que ela seja tão apreciada e lidere a escolha do tipo de alface nas redes de fast foods.
A crocância parece estar inteiramente relacionada com a compacidade da “cabeça da alface”. Para isso, o plantio deve ser realizado dentro das condições mais adequadas para o seu melhor desenvolvimento, que é entre 15,5 e 18,3ºC.
Temperaturas muito elevadas podem provocar queima de bordas das folhas externas, formação de cabeças pouco compactas e também contribuir para a ocorrência de deficiência de cálcio e desordem fisiológica, conhecida como “tip burn”. Baixas temperaturas, próximas do congelamento em plantas jovens, não provocam danos, porém, o desenvolvimento é retardado, condições que prejudicam as plantas e, principalmente, as folhas externas.
Embora as baixas temperaturas citadas sejam consideradas as ideais para obtenção dos melhores desempenhos da alface americana no campo, tal fato limitaria sua produção em larga escala em muitas regiões brasileiras. Porém, graças ao melhoramento genético, é possível conseguir produzir alface americana de boa qualidade em temperaturas mais elevadas, sem que haja redução na qualidade do produto, levando em consideração o manejo adequado da cultura.
A produção de alface americana se mostra como um segmento olerícola de boa rentabilidade para atender uma demanda nacional crescente. Para o produtor, é uma vantagem, visto que não há muita diferença no manejo dessa variedade em relação às demais, porém, a alface americana tem um preço diferenciado de mercado, o que pode lhe garantir melhor rentabilidade.